domingo, 20 de junho de 2010

Saramago e os mortos

"Despeço-me dos mortos, mas não para esquecer. Esquecê-los, creio, seria o primeiro sinal de morte minha. Além disso, após escrever tantas páginas, fez-se-me a convicção que devemos levantar do chão os nossos mortos, afastar dos seus rostos, agora só ossos e cavidades vazias, a terra solta, e recomeçar a aprender a fraternidade por ai".

José Saramago

In: Manual de Pintura e Caligrafia, 1977.

Um comentário:

Ailton Augusto disse...

A morte de Saramago foi um baque. Eu recebi a notícia por e-mail e simplesmente não consegui acreditar de imediato. Precisou chegar um segundo e-mail para eu começa a me dar conta da veracidade do fato.

A consolação possível, veio de outros dois escritores, brasileiros. Guimarães Rosa que disse lindamente: "As pessoas não morrem, ficam encantadas". E Clarice Lispector, que em uma de suas colunas para o JB nos idos de 1960, intitulada "Desculpem, mas se morre", constata: "Mas há a vida, que é para ser intensamente vivida..."