sábado, 3 de julho de 2010

Memória: Roberto Piva (1937-2010)

Roberto Piva costumava dizer com genial e irreverente inteligência que "desde que Platão expulsou os poetas de sua República, todos o poetas e poesia são marginais" . E como poeta marginal, professor de sociologia, filosofia e história com rica produção que se firmou no cenário nacional. Nascido na capital paulista onde passou a maior parte de sua vida, publicou aos 23 anos anos na "Antologia dos novíssimos", de Massao Ohno. De estilo transgressor, expressava a forte influência da "Divina Comédia" de Dante Alighieri, obra à qual imergiu profundamente por três anos, além das influências de William Blake, marcado também pelos expressionistas alemães Gottfried Benn e Georg Trakl, resultando num traço pessimista, acentuado posteriormente por suas leituras de Friedrich Nietzsche. Contudo, influenciado pelo Surrealismo dos franceses André Breton, Antonin Artaud e René Crevel, mereceu um verbete no "Dicionário Geral do Surrealismo". Dentre suas obras mais significativas estão "Paranóia" (1963), "Piazzas" (1964) e, recentemente, toda sua obra foi republicada pela editora Globo sob os cuidados do crítico e professor da Unicamp Alcir Pécora. Ministrava "Cursos Órficos", série de oficinas semestrais onde iniciava seus alunos aos mais diversos poetas e autores através de leituras e traduções, usando a poesia como método de ensino, trabalhou também como produtor de shows de rock, era adepto do umbanda e do xamanismo. Permanecerá com sua obra de marcante contundência e paradoxal beleza, rica de uma anarquia estética e perene sentidos.

Nenhum comentário: