domingo, 12 de setembro de 2010

Антон Павлович Чехов (1860-1904)

Anton Pavlovich Tchekhov é o autor da obra escolhida para o mês de Setembro - o conto "A Dama do Cachorrinho" (1899). Nascido em Taganrog, uma cidade no sul da Rússia, em 29 de Janeiro de 1860, é considerado o escritor clássico russo responsável pela inauguração dos caminhos para literatura contemporânea, além de ter influenciado profundamente a prosa e o drama do século XX.
Filho de Pável Iegórovitch e Evgenija Jakovlevna e terceiro dos seis irmãos, descende de família pobre (seu avó fora servo até os 16 anos de idade de seu pai) e, na segunda metade dos anos de 1870, vê sua família mudar-se para Moscou, fugindo da falência em sua cidade natal.
Sozinho em Taganrog para concluir o Liceu, começa a escrever seus primeiros contos humorísticos e um pequeno drama conhecido como "Uma peça sem nome" ou "Platônov". Em 1879, aos 19 anos, parte para Moscou e inicia os estudos de medicina, além de dividir seu tempo com a escrita e publicação em várias revistas de Moscou e São Petersburgo. Capturando o microcosmo cotidiano em seus contos, o tema dominante nesta fase de sua produção parece ser o da ridicularização da normalidade e do bom senso vulgares, adepto da descrição curta e precisa.
Em 1884 forma-se em medicina e dá início a uma nova fase em sua obra, afastando-se dos contos humorísticos e mergulhando no essencial da existência humana. Publica, em 1888, a novela "A estepe", traçando um retrato da planície e dos tipos humanos da Rússia a partir da percepção de seu personagem central, o garoto Iegóruchka. Neste mesmo ano recebe também o prêmio Púchkin, maior laúrea literária concedida pela Academia de Ciências.
À esta altura, já possuindo fama, reconhecimento e recursos, vê sua tuberculose agravada e, em 1889, a morte de um de seus irmãos parece o estopim para que dê início a uma série de viagens pelo país, no ano seguinte, incluindo uma temporada de cinco meses na ilha de Sacalina, local de desterro para forçados e prisioneiros. Atua como médico, fazendo um levantamento da população e sua vida que, posteriormente, serão registrados no livro "A ilha Sacalina".
Já de volta à Russia, contribuiu com os honorários de suas obras nas campanhas de recolhimento de fundos para as vítimas da seca no leste da Rússia, além de ir pessoalmente, em janeiro de 1892, Niznij Novgorov, uma das cidades afetadas, e publicar seus relatos na imprensa, chamando a atenção para as condições da população. Tchekhov repete este trabalho em pelo menos mais duas ocasiões, por conta da cólera, além de participar de grêmios locais (zemstvo) em campanhas de informação sanitária e como médico.
Em 1892 adquire uma propriedade em Mélikhovo, uma vila a 70km de Moscou, onde volta a viver com a pais e irmãos. Ali passa seis anos trabalhando como médico no atendimento aos camponeses e ajudando no combate à epidemia de coléra, além de construir escolas para as crianças locais. A produção literária deste período é também das mais significativas, com os contos "Enfermaria nº 6", "Estudante" e "Os homens".
Inovador também na arte dramática, seus textos representam um ponto de partida para o novo drama que passa a ser encenado no Teatro de Arte de Moscou, sob a influência de Konstantin Stanislávski e Vladimir Nemiróvitch-Dântchenko. Dentre as peças mais famosas, temos "Tio Vânia" (1899), "As três irmãs" (1901) (que ganhou também uma versão cinematográfica) e "O jardim das cerejeiras" (1904).
A partir de meados dos anos de 1890 passa a manter a biblioteca de sua terra natal, torna-se curador de duas escolas, além de financiar a construção de outras duas, em cidades do interior, e apoiar uma sociedade de apoio a pacientes após a hospitalização.
Em 1896 surge a obra "A minha vida" e, em 1897, "Os camponeses", que testemunham a ruptura com as visões utópicas e românticas comuns nestes anos na Rússia. Tchekhov morre na cidade alemã de Badenweiler, em 1904, vítima da tuberculose.
Para concluir essa apresentação biográfica do autor que extraiu do prosaico uma narrativa capaz de nos surpreender e, ao mesmo tempo, fazer refletir sobre a vida humana, uma frase de Macha, uma das personagens de "As três irmãs":
"Ou sabemos por que estamos vivendo, ou tudo é uma bobagem e nada importa"

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