sexta-feira, 29 de abril de 2011

"Poemas de ausência", de Luciana Tonelli

Num dos exemplares do "Suplemento Literário", um periódico editado pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais (que sempre recebo atrasado e dessa vez veio grafado "Suplemgnto Literário"...), encontrei os poemas de Luciana Tonelli e gostei. Dela conheço apenas algumas linhas publicadas sob o título de "Poemas de ausência" e o fato de ter nascido em BH, ser jornalista, morar em São Paulo e já ter publicado dois livros, "Flagrantes do poço" (Coleção Poesia Orbital. Belo Horizonte: Associação Cultural Pandora, 1997) e "Flagrantes do tempo - Poema-reportagem na Paulicéia (Ed. Peirópolis), de onde esses versos foram extraídos.
Escolhi alguns pra ilustrar essa postagem:


[1]

se existia hora errada, era aquela
se existia palavra errada, foi dita

se existia lugar errado
nenhum outro mais que aquele

se existia a pessoa errada
era eu


[5]

a falta de lugar
ocupa todos os cantos
o não estar estando viva
é a causa do meu espanto


[6]

reclamei do vazio
ele me abandonou
cada metro do dia
encheu-se de ninharias
mais ou menos ocupantes

até que nas entrelinhas ele voltou
ele, o vazio, fiel companheiro
parceiro das linhas tortas
noites amarrotadas
e dias sonolentos

senhor das horas inteiras
culpado pelos piores momentos
o vazio é hoje o espaço que me sobra

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