sexta-feira, 10 de junho de 2011

"Inculta e bela"

Hoje, dia 10 de Junho, comemora-se o Dia da Língua Portuguesa. Num momento turbulento, em que tanto se discute o papel da norma culta face aos usos da língua, vale a pena rever a poesia de Olavo Bilac (1865-1918), para quem a última flor do Lácio, com toda sua rudeza, despertava encanto.
(Ganha um prêmio quem souber os significados das palavras grifadas sem consultar o Google ou o dicionário!)

"Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!"

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Os versos foram extraídos do livro "Poesias", de Olavo Bilac. Editora Livraria Francisco Alves. Rio de Janeiro, 1964, pág. 262.

Um comentário:

Ailton Augusto disse...

Cíntia,

as palavras destacadas dão prova de que o Bilac sabia cultivar essa língua inculta. Obrigado pela postagem!