quarta-feira, 30 de março de 2011

"O último dia do mundo - Fúria, ruína e razão no grande terremoto de Lisboa de 1755" de Nicholas Shrady

Nestes tempos de terremotos, maremotos e tsunâmis, sempre me recordo de Voltaire (1694-1778) e sua obra Cândido (ou Do Otimismo de 1758), obra aliás já lida no Palimpsestos em 18 de julho de 2009. Nela, polemizou antagonicamente com Leibniz (1646-1716) após o terremoto que devastou Lisboa, sobre a existência ou não de Deus, descortinando um debate que foi muito além disso e de ambos. É interessante como um fenômeno natural pode contrastar em crises e críticas e opor as concepções do mundo da cultura (ou das ciências do espírito) ao mundo natural, colocando em xeque supostas verdades e axiomas defendidos ou sustentados por gente como Leibniz e Voltaire, ambos, sobreviventes ao cataclisma que também foi registrado entre outros por filósofos como Immanuel Kant (1724-1804). A obra mais recente a tratar do tema e desdobramentos que ocorreram em Lisboa, mas que abalaram o mundo, está no minucioso trabalho "O último dia do mundo - Fúria, ruína e razão no grande terremoto de Lisboa de 1755" do jornalista inglês Nicholas Shrady (2011, Objetiva, tradução de Paula Berinson, 288 págs. R$ 39,90). Uma boa pedida para estes tempos, apesar de todo o otimismo que se tenha de um Cândido ou fé leibniziana em um Deus, seja como for no Japão ou em qualquer outro parte do mundo, o caminho e lição é o que se deu em Lisboa: seguir em frente e viver.

Sinopse: "O jornalista Nicholas Shrady revela, em 'O Último Dia do Mundo', que a reação ao desastre natural, mais do que a tragédia em si, é o que provoca fascínio. O terremoto em Portugal, na capital mais católica do continente, abalou as certezas intelectuais e religiosas que na época dominavam a Europa do Iluminismo. Em 'O Último Dia do Mundo', o autor revela como Carvalho fez com que a razão triunfasse sobre o obscurantismo religioso. Assim, enquanto muitos rezavam, ele rapidamente enviou tropas para apagar o fogo, buscar sobreviventes em meio às ruínas e controlar os saqueadores. Lisboa seria reconstruída, e ressurgiria como uma cidade moderna, de ruas largas, com sistemas de esgoto e escoamento adequados."

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